terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

À Chave


Tribuna das Mulheres
Estou abrindo um novo espaço em meu blog para todas as Irmãs que como eu foram Roubadas por seus Irmãos, espero estar ajudando com minha experiência e esta tribuna que a Justiça Brasileira seja Justa para com as Mulheres.
 Livro: À Chave por Liane Chammas,

Carta de Marcella Martins, Santa Maria - RS, à Presidente Dilma

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Engula o choro, presidente. Engula o choro ao falar da tragédia de Santa Maria. Engula o choro e todos os problemas desse país que nele estão escancarados. Engula que o medo do segurança de ser demitido neste país é maior do que sua consciência de deixar as pessoas saírem sem pagarem suas contas para não morrerem. Engula a soberba dos donos de empresa desta nação que não estão nada preocupados com pessoas como eu e até mesmo como a senhora porque estão focados demais em lucrar, e preferem fechar as portas como numa câmara de gás a ter prejuízos. Engula a pressão que todos os seus funcionários sentem todos os dias. Engula que para arcar com seus altíssimos impostos, todos eles dão um jeitinho bem brasileiro de se desviar dos regulamentos e leis. Engula que os órgãos responsáveis por evitar que isso aconteça não funcionam. Engula que eles deixaram essa, entre tantas e tantas casas mais, funcionar sem licença. Engula que provavelmente alguém que também ganha pouquíssimo aceitou um suborno para que isso acontecesse. Engula que a senhora deu "é" sorte por ser apenas essa casa entre todos os tantos lugares que deveriam estar fechados, que caiu na boca da mídia. Engula a mídia que vai atacar com todo o sensacionalismo possível em cima das famílias que estão procurando celulares em cima de corpos para reconhecer seus filhos. Engula as operadoras que não funcionam e que provavelmente impediram uma série de vítimas a pedirem socorro. Engula que o socorro que chega para se enfiar em lugares como este, pegando fogo, cheio de corpos de jovens para serem resgatados, recebe um salário vergonhoso, com descontos ainda mais vergonhosos, e ainda assim executam um trabalho triste e digno antes de voltarem para a casa e agradecerem por seus próprios estarem dormindo.

Não, presidente. Não chore ao falar da tragédia. Faça! Faça alguma coisa. E pare de nos dar como exemplos uma série de catástrofes para tomar medidas idiotas que não valerão de nada alguns meses depois. Não se emocione. Acione! Acione a todos os órgãos públicos, faça uma limpa em sua maldita corrupção e devolva à segurança pública, às instituições sérias, aos professores, aos bombeiros, aos enfermeiros, aos seguranças, aos jovens, o mínimo de dignidade. Não faça um discurso. Mude o percurso. Mude tudo porque estamos cansados de ver nossos iguais pegando fogo, morrendo afogados, morrendo nas filas, morrendo no crack, morrendo, morrendo, morrendo, e tendo como última imagem aquela tv aos fundos anunciando o fim de mais uma bilionária obra de estádio de futebol.

Não, presidente. Desculpe, mas na minha frente, a senhora não pode chorar. Não pode chorar sua culpa. Não pode chorar sua inércia. Não pode chorar no Chile mas também não pode chorar em Santa Maria. Porque isso é muito maior do que só um acidente. Isso é muito maior do que só sua comoção. Engula o seu choro, presidente. O seu, o dos jovens que perceberam que não teriam mais o que fazer que não morrer, e em especial, o de seus amigos e familiares, que em um país como esse, não têm outra opção que não chorar. Engula o choro, presidente."

MARCELLA MARTINS.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Oswaldo Montenegro - Metade

 

Metade

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio


Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja para sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas como fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.


Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.


E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

TAMPAS DE BUEIROS NO JAPÃO

Os motivos variam de região para região. Cidades e alguns distritos têm seus desenhos próprios.  As criações são incentivadas pelas autoridades locais.

No Japão, a arte deixou de estar apenas nos museus e passou para as ruas há muito tempo. Os primeiros bueiros decorados surgiram na década de 1950, como forma de democratização do espaço público. Mas foi na década de 80 que a tendência virou uma mania nacional.

 Kamakura
Dá até pena de pisar nas tampas de bueiro, que, com certeza, são as mais bonitas do mundo.

 Miyoshi, província de Hiroshima
Não se trata apenas de uma pintura, mas de escultura feita nos relevos do ferro.
A pintura tem uma durabilidade de cerca de 20 anos. Ela é feita a partir da mistura de pigmentos e resinas,
que são retiradas das árvores.

 Monte Takao

 Hakone
s
 Castelo de Osaka



A tradição das artes em bueiros também está documentada no livro Drainspotting, do fotógrafo Remo Camerot, lançado  em 2010.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Instituto Millenium abre debate sobre o sistema eleitoral


São Paulo, setembro de 2011 - Voto Distrital ou Voto Proporcional? O questionamento é do Instituto Millenium em seu 7° Colóquio, a ser realizado no dia 13, de 9h às 13h, em São Paulo. A viabilidade da reforma política, o impacto na economia, o sistema eleitoral e a questão da representatividade e responsabilidade, e quem ganha e quem perde com a adoção do voto distrital são os temas do evento divididos em quatro módulos.

“Voto Distrital ou Voto Proporcional?” contará com a presença de três especialistas do Instituto Millenium: Luiz Felipe D’Ávila, do Centro de Liderança Pública, o economista Samuel Pessoa, da FGV-RJ, e o cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, além de convidados como os cientistas políticos Eduardo Graeff e Bruno Reis, da Associação Brasileira de Ciência Política; o sociólogo e professor Arnaldo Madeira da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP; o Ph.D. em Comunicação Social Orjan Olsen, da Analítica Consultoria; o economista Carlos Eduardo Soares Gonçalves, da USP; o advogado Ricardo Salles, do Movimento Endireita Brasil; o deputado federal Arnaldo Madeira; o prefeito de Canoas-RS, Jairo Jorge, e o professor-titular da FGV Carlos Pereira.

“Nosso propósito é ampliar e democratizar o debate sobre um tema fundamental para nossa democracia. É muito importante que os eleitores conheçam os diferentes sistemas eleitorais e os impactos para a sociedade“, explica Priscila Pereira Pinto, diretora-executiva do Instituto Millenium.

O evento conta com o apoio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
A entrada é gratuita mediante inscrição pelo site www.imil.org.br/7ocoloquio. Mais informações pelo telefone (21) 2220-4466 ou e-mail secretaria@imil.org.br

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Antonio Adib Chammas,um grande filantropo da Arte.


Leonardo Mota Neto *

Por que escrevo isso hoje? Porque estamos nos 172 anos de nascimento,em Aix-la-Provence,do pintor impressionista Paul Cézanne.E o que isso tem a ver com o Brasil?Muito. É o que narro a seguir.

Um homem de semblante calmo, como se nada tivesse a explicar a alguém,parou seu carro em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Pediu ao motorista que o esperasse. Tinha todo o tempo do mundo que desejasse. Era um construtor de impérios e não precisava provar mais nada.
1955 estava sendo um ano bom para ele. Tão bom que podia se dar ao prazer de uma doação de imenso valor (infungível,sem preço, coisas fora do comércio) ao melhor museu de sua amada cidade.

Muitos o haviam na vida chamado de caipira.No fundo ele gostava. Os construtores de impérios sempre foram caipiras.Por que não esbanjavam seu império, uma cosia comum aos homens da cidade.

Ele havia aprendido a trabalhar de sol a sol, naturalmente ajudado por aquele toque de Midas, e ainda tinha um querido irmão por perto para se ajudarem..E os “amigos de nós”.
Era um homem de sorte, e a sorte ajuda os amigos dela.Contou com um pai que lhe deu a âncora para que sua navegação de vida tivesse uma bússola segura.

Foi ao banco de trás do carro e apanhou a bem embalada  encomenda, a preciosa jóia.
Era um óleo sobre tela do pintor famoso, muito famoso, universalmente, Paul Cèzanne.  A preciosidade de 89cmsx90cms estava enrolada num papel pergaminhado que mais parecia um elogio à seda.

Tomou a tela em seus braços e dirigiu-se  ao curador do museu.Assinou o termo de doação do “ O Grande Pinheiro” de Cézanne, em nome dele, de João Chammas e do amigo Geremia Lunardelli.

Barões da indústria, renascentistas  da industrialização paulista  e brasileira, rompedores do ciclo atávico da monocultura, inventores do nova era,curvavam-se,contritos,civilizados,filantropos, diante do monumento à arte.

Antonio Adib Chammas, o Mecenas, ex-deputado federal, injustamente cassado em 9 de abril de 1964 pelo marechal Castello, no mesmo ato que  baniu da política Abraão Fidelis de Moura, Doutel de Andrade,  Cesar Prieto e tantos outros,fruto das mesquinharia de perseguições e daquilo que o homem tem de mais odiento – a inveja dos pequenos diante dos dínamos - desejava que a famosa obra de arte fosse compartilhada por todos os  paulistanos e brasileiros.

Despreendimento. Desambição.Doação.Não eram exatamente as qualidades de D´ Artagnan?

Aquele homem injustiçado nunca se deixou abater. Semeou por São Paulo o único bem que perdura por gerações se multiplicando como pães do espírito fermentados pela vontade - a educação. Escolas germinaram em várias cidades.Muitas hoje têm  o seu nome, como também viadutos e outras benfeitorias.

Que melhor resposta a seus detratores Antonio Adib Chammas poderia ter dado que não plantando grandes pinheiros por onde passou?Quero um dia escrever mais sobre esse fabricante de futuro.

A visão desse grande homem, sem tê-lo conhecido, me veio à cabeça com perfil inteiro ao estabelecer uma similitude de seu ato de generosidade com os do Velho Capitão, Assis Chateaubriad.outro gigante que vivia além de seu tempo, Mecenas da arte contemporâea brasileira e que praticamente sozinho construiu o acervo do Museu de Arte de São Paulo, MASP,que leva o seu nome,com doações de preciosas obras.

Fundador dos Diários Associados,Chateaubiand foi meu primeiro patrão, em O Jornal, do Rio,idos dos 60.Nascido em Umbuzeiro, na Paraíba, 1,60 de altura, um cangaceiro da cidade como se auto-intitulava,que teve a ousadia de presentear a Rainha Elizabeth II com um chapéu típico do cangaço,foi o homem mais cosmopolita que conheci.Agora estou conhecendo Antonio Adib Chammas,outro que fez o Brasil ter orgulho de si mesmo.

No MASP,estão para sempre depositadas na sua coleção obras de Rafael, Bellini, Andrea Mantegna e Ticiano, na Escola Italiana.Os retratos das filhas de Luiz XV, pintados por Nattier, as Alegorias das Quatro Estações de Delacroix e as pinturas de Renoir, Monet, Manet , Cézanne, Toulouse-Lautrec e também as de Van Gogh, Gauguin e Modigliani registram a importância da arte produzida na França, presentes na Coleção.

O MASP também possui a coleção completa de 73 esculturas de Edgar Degas, além de 3 pinturas do artista.A Arte Espanhola está representada por El Greco, Goya, Velázquez, e a Arte Inglesa por Gainsborough, Reynolds, Constable e Turner, entre outros. Dentre os flamengos, citamos Rembrandt, Frans Hals, Cranach e Memling e o tríptico de autoria de Jan Van Dornicke.

Na Arte das Américas marcam presença Calder, Torres Garcia, Diego Rivera e Siqueiros, dentre os muitos artistas brasileiros, Almeida Junior, Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Flávio de Carvalho.Fazem parte do acervo também núcleos de: Arqueologia, Esculturas, Desenhos, Gravuras, Fotografias, Maiólicas (cerâmicas italianas dos séculos XIV ao XI), além de Tapeçarias, Vestuário e Design.

A convite do “Musèe d’Orsay” o MASP integra desde 2008, o “Clube dos 19”, que congrega os 19 museus cujos acervos são considerados os mais representativos da arte européia do século XIX, como o Musèe d´Orsay, The Art Institute de Chicago, Metropolitan de Nova York, entre outros.

Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, o acervo do museu vem sendo enriquecido e  ampliado através de doações de pessoas físicas e de parcerias com empresas e instituições

O Grande Pinheiro floresce ente elas, como a lembrar para sempre a epopéia de Antonio Adib Chammas, o bandeirante das artes e dos negócios que teve, ao lado de seu irmão João, um acendrado amor pelo Brasil. Plantou pinheiros de vida por toda a parte por onde passou.

Pinheiro é a árvore mais alta, mais útil ao homem, mais generosa em sub-produtos. Uma árvore digna dele.

(*) Leonardo Mota Neto,67, é jornalista político em Brasilia, editor da Carta Polis